31 março 2015

Nunca diga eu te amo 8

Se a vida é música, prefiro dançar com você.

15 março 2015

Brasil ill ill

Alguma coisa mudou profundamente depois do sete a um. Não sei se foi a índole do país, ou mais um caso de pouca psicanálise, mas o efeito chegou, sem dúvida, até as peladas. Certa noite há três anos ouvi en passant alguém dizer que seria dois mil e doce, dois mil e crazy e dois mil e catarse. Dei risada e ignorei o profético do comentário etílico. Não poderia estar mais errado. Na cabeça.

E se não dá para chapar o ano em fevereiro, pelo menos passou o carnaval. São coisas inquestionáveis, inexoráveis, e não há nada a fazer sobre isso, pelo mesmo motivo que não existe maneira máscula de pedir uma fanta uva. Apenas não há. Vivamos, pois. Os anos não retrocedem, e determinados refrigerantes são comprados no mercado. Simples assim.

Mas o massa de ter trinta é se permitir estar errado, e saber mudar com a direção do vento. Deixar marcas, não rastros. Nessa idade em que você já tomou de bem mais de sete a um da vida, pelo menos resta a certeza de que em algum momento você vai viver mais do que viveu Cristo. O que quer que isso signifique.

13 março 2015

Dias

A manhã me traga
como um cachimbo amargo
Meus eus, meus ontens
memórias de rostos vagos
Tudo apagado

O dia me afaga
como um mafagafinho dorminhoco
Arranha a jarra, o vidro
a aranha e as traças
E eu, iluminado
sou um bibelô preguiçoso

O horizonte me fascina
dividindo o que é composto
Entre tudo o que você quer que eu diga
vendo em prédios o seu rosto
a madrugada me transita
é isso
Sou gasoso

Pra não dizer que estou sozinho

Parece que ninguém se move
na cidade quando chove
A prece que ninguém acode
quando a vida vira corte

Talvez possamos combinar
nossa bagunça no mesmo lugar
No dia em que eu puder entrar
nos seus cabelos

Estações mudam devagar
neste ano que se dissolve
no aniversário da falta
a cada dia dezenove

O mundo faz menos sentido
quando o rei está vestido