23 janeiro 2013

Chinelagem

Mergulhei naquelas ondas de ponta, querendo que com elas se fossem meus problemas. O que é o mar, afinal, senão um imenso banho de sal grosso? Eu costumava sonhar que conseguia respirar embaixo d'água, e não sei porque isso acabou. Também acabou minha poesia pronta, rodada, dessas que piscam por aí de vez em quando. Agora é apenas imaginação. O oceano é imenso. As algas poderiam frequentar outras praias. Mas me preferem. Sempre fui ruim em dividir. Mas desenvolvi uma técnica de ajeitar os cabelos com as ondas. E algas.

Eu escreveria uma grande novela se pudesse beber que nem o Hemingway. Travado, rifle em punho, ajudando a libertar Paris. Ao menos isso é o que eu diria a todos. Mas a frase curta está datada, e a longa sempre cansou. Dizem que o atum é a ferrari do mar porque nada longe e rápido. Talvez fosse essa a saída. Fluir. Como atum. Nada. Nada. Nada. Tudo isso na água. Na volta, pedalando lixo na areia, percebi. Roubaram minhas havainas amarelas, sujas e usadas. Tinham a bandeira do Brasil.