31 janeiro 2024

Descaralhando

E volto à você assim, com essa crase incerta, incorreta, como suco de nectarina. Direto no publicador, pela adrenalina. Sem filtro, com nicotina. O isqueiro na esquina, o verso sem rima, reta que inclina. Tudo isso poderia ser um e meio, mas essa eu já usei, e agora já nem sei. Não seria solução, mas em mundo que tudo é muito ão, essa poesia é chã, só porque queria usar, e nunca usei. Caetaneei e nem sei? Não dá para negar, voltei. Escrever para a solidão, sorriso adolescente de quem mente sabendo que não. A experiência e o colchão, o fim da queda que nada leva. Um bocado de gin e espera, não se nega, não entrega, e nem quem vem tem, mas desavisa. Agoniza no granizo cinza, a vida, a vinda, benvinda, benedetta, e maledicente. Atrás e para frente é diferente de não sair do lugar. Viajar num dry martini, vir para ficar no ar voando em circo, o infinito termina na lapa, nublando inverno.

Longperto

Vivo de migalhas
procurando falhas
no concreto

Eu trafico afeto
de peito aberto
mais discreto

Os meios findam
as caras minguam
por decreto

O riso evade
num fim de tarde
incerto