31 janeiro 2007

Porque hoje é sábado

Comprei uma escova de dentes que vibra. Porque é maneira. Fui ao cinema ver um filme mandrake sobre um piá que cavalga um dragão. Porquê? Porque é maneiro.

Contra a lógica da sustentação das necessidades criadas pelo mercado, e da reprodução incessante dos mecanismos capitalistas que aprisionam o homem e adiam a revolução, só há um argumento: o maneiro.

Em nenhum dos dois casos fui diretamente comprado pelas propagandas. Não acho que a vibrante escove melhor, nem foi o trailer o que me convenceu. Foi a idéia. Uma escova que vibra é uma idéia maneira. Cavalgar um dragão é uma idéia maneira.

O maneiro, como motivo, está presente em diversas escalas, em diferentes manifestações humanas. Um exemplo? O Jorge Ben (não o Benjor, da guitarra) cantava, nos idos da década de 60, um "voXê", com o som de xis mesmo, no lugar do cê. Porquê?
Porque era maneiro.

Se voxê não entende isso, vá procurar uma razão filosófica, um causa primeira, uma ação originária, um fato social que justifique.

Hoje é terça-feira. E se voxê não entendeu o porquê do título deste texto, além de não ser maneiro, voxê precisa ler mais poesia. Porque estou cansado de perder esta piada.

22 janeiro 2007

Fe-li-ci-tà

Jamiroquai pro rolê; cueca sem costura; leite condensado na latinha; frio de manhã; segurar a tua mão; acordar sem querer; tudo o que eu faria em Paris; sal de montão; Chovendo na roseira; quadrinhos da Ilustrada no banheiro; terminar aquele som; elegância sui generis; delicadezas femininas; almoço de domingo; mensagens no meio do dia; achar que tudo vai dar certo; Júpiter na sua casa; chocolate sem culpa; ela querendo que eu me vista melhor; não me vestir melhor; brigadeiro de panela; parque vazio no fim de tarde; enjoar de dormir; segurar a tua mão; Jamiroquai pro rolé.

18 janeiro 2007

Babylon by bus

Assim como as bailarinas reconhecem suas pares só pela postura, é fácil reconhecer um paulistano pelo seu modo de andar. Parafraseando o Ferréz, ninguém anda folgado em São Paulo. Basta perceber os ombros ligeiramente encolhidos, o olhar basculante e o andar ligeiro. Pequenos passos rápidos e compassados. Flanar em São Paulo significa perder o metrô, o ônibus, ser assaltado, ou simplesmente levar bronca do de alguma quadrilha criminosa que manda oficialmente na cidade.... ah, tem também a outra quadrilha, que fica nos presídios. Mas o governador afirmou que a população pode sair tranquila às ruas, pois o PCC liberou o banho de sol.

Andou folgado em SP, é turista, vacilão, ou os dois.

Outra curiosidade: as paulistanas não rebolam. Estranho, pois fisiologicamente as mulheres têm que rebolar para compensar uma maior abertura nos quadris, adaptação evolutiva para auxiliar a gravidez. As gajas daqui intensionalmente, ou inconscientemente, forçam seus movimentos para não rebolarem ao andar. Creditei inicialmente o fato à histórica falta de sensualidade da paulistana, sensualidade esta que abunda alhures, como no Rio ou no nordeste inteiro. Ok, os índices de natalidade não são menores aqui, o que me leva a crêr que elas compensem essa falta com charme, o que é verdade. Mas não posso deixar de lamentar esse bloqueio da energia sexual, que se concentra da região do abdômem para baixo, e que tanto inspira poetas, músicos e compositores.

Acho que é por isso que não existe samba em São Paulo.

15 janeiro 2007

L' étranger

Am I a foreingner in my own(?) town?

09 janeiro 2007

Viagem ao interior do Brasil 4 - Dom Camilo

Na pequena cidade do litoral maranhense o padre visita seu amigo pastor, que convalesce de uma grave doença. Casado recentemente, com mulher e dois filhos pequenos, o pastor recebe o padre em seu quarto escuro, onde passa os dias febril, a girar na cama.
O padre se aproxima do ouvido do amigo, e sussurra uma frase que, conta o pastor, o fez melhorar na hora:
- Morre não pastor, que a viúva é nova e o padre está na área.


(...)

Parece Dias Gomes, mas o padre, além de mandar na cidade, tem duas filhas, reconhecidas.

Ar puro

O primeiro sorriso
de um coração cicatrizado

02 janeiro 2007

Confissão Aliterática

No sul eu não suo.