Crônicas do Coração da Terra
Na fonte cordiforme a água brotava discretamente por sob o solo, fazendo pequenas bolhas entre meus dedos do pé, semi-enterrados na areia cálida. Na clareira, longe do barulho da cidade, meus pensamentos bóiam acompanhando a folha de nogueira que insistia em não afundar, nunca, nem quando confrontada com as pedrinhas jogadas em cima, para matar o tempo. Na simbologia elementar alquímica-meta-física-astrológica-esotérica a água representa a emoção, o sentimento. A fonte encerra, ao mesmo tempo, um sentimento parado e em movimento, uma dualidade que não poderia ser mais perfeita.
Ali, na clareira, eu estava parado em movimento. Gerando para ser represado, brotando para dissipar.
Emoções paradas não deixam de gerar. Durante muito tempo também represei, esticando até o infinito o limite tênue entre o controle e o transbordar. Durante muito tempo estive como a fonte, escondido em uma clareira perto de tudo, mas longe do mundo. Brotei das entranhas, quieto e independente, impassível mas permeável, recolhido e universal. Parte do ciclo. Mas o ciclo se parte um dia, e por isso, sozinho, eu pedia, em reza e rima: qualquer desanteção, faça não.
Ali, na clareira, eu estava parado em movimento. Gerando para ser represado, brotando para dissipar.
Emoções paradas não deixam de gerar. Durante muito tempo também represei, esticando até o infinito o limite tênue entre o controle e o transbordar. Durante muito tempo estive como a fonte, escondido em uma clareira perto de tudo, mas longe do mundo. Brotei das entranhas, quieto e independente, impassível mas permeável, recolhido e universal. Parte do ciclo. Mas o ciclo se parte um dia, e por isso, sozinho, eu pedia, em reza e rima: qualquer desanteção, faça não.