28 setembro 2006

Expresso do Oriente

Um dia você ainda vai chegar à sua casa
sentar no sofá, e perceber que está
tão sozinha
quanto eu
Mas aí já terá morrido a idéia
o conceito era o mais importante, o que
valia a pena
Perdida, você irá gritar:
-Hei, venha para cá, para minha nuvem!
Então será tarde
Já terei me desapaixonado

Já verei brilho em outros olhos
não mais chorarei lágrimas ao vento
não mais
não.

25 setembro 2006

Desacontecidos

Ela vai se casar. Não comemorei no bar, mas lembrei da música do Caubi. A dor é relativa, subjetiva, e não sei mais o que. Impressionante nossa capacidade de entender coisas bregas na dor. De um fio de cabelo comprido a um paletó que abraça o vestido. Dois pólos. A mesma dor. Ela vai se casar. Não me mandou nenhuma carta, nenhuma desculpa, nenhum convite. A dor é solitária. Empatia é apenas uma palavra bonita para amigas de bar. Os pequenos passos de tudo que desaconteceu desde então. Não era ontem eu tinha dezoito anos. Ela vai se casar. Eu querendo dizer que ainda moro na mesma rua, que nem gosto mais dela, que vou bem, obrigado. Não perdi o jeito para dançar, mesmo não sabendo. No carnaval mítico dos dias, fantasiei que envelhecia. Ainda moro no mesmo corpo. Encaro a mesma pessoa no espelho, todos os dias de manhã. Todas as manhãs dos dias. Todas as manhas não me livraram. A sagacidade do Pessoa foi a tradução. No original era navigare necesse. Entre o preciso e o necessário há o hiato poético. Ela vai se casar. Será preciso ou necessário? Será tarde? Serei eu tarde? Anoiteço.

Lascia Perdere

Algumas pessoas se desfazem com uma desfaçatez impressionante!

06 setembro 2006

Animal Eleitoral

Ao observar um determinado candidato à presidente do Brasil, não consigo deixar de pensar na expressão francesa "sympa comme une porte de prison", ou seja, "simpático como uma porta de cadeia".