26 novembro 2009

Anotações

A língua na torre de Babel
A letra contra o branco do papel
horizontes não tão distantes
em memórias de elefante

Frases achadas
em cantos esquecidos
de corações abandonados
muros cercando o vazio
em peitos cicatrizados

Caminhar entre escombros humanos
milhares de rotas sem planos
mentiras clonadas vivas
em ternos italianos

Uma força estranha
arranca das entranhas
um sopro de vida

18 novembro 2009

É uma fresta

Os meus desejos pedestres, seus delírios insanos, nossa culpa consciente. Vontade de fazer o bem, tentando mudar um roteiro que nunca termina. Nosso banquete móvel não é em Paris, mas não deixa de ser uma comemoração. Não nos perderemos na tradução, nem em nenhum dos 19 arrondissements. Talvez fiquemos para a temporada de espetáculos, ou fingiremos nos entediar com a demora para o inverno. Nada de visões que compensem a pobreza, falaremos de jazz, literatura barata, e do próximo bar a se embriagar. Vamos ler o Le Monde em algum café metido, e mentir para os amigos que somos vizinhos do Chico. Fugir nas datas festivas, para voltar só no fim de maio, com a primavera.