Para os primeiros raios de luz da manhã
Eu vi um passarinho azul. Voltava para o ninho, ao fundo a
Baía de Todos os Santos. Você me falava que fotografia é escrever com a luz, e
do alto da Cidade Alta vi que esta terra, e também esta Terra, são o ponto
mediano entre o material e o espiritual. A espontaneidade corpórea, o ar
zombeteiro dos meninos da praia, e esta sexualidade aflorada que um dia sim,
viraram revolução, como previu Focault aqui, descrevendo com as Luzes. Você me
falava de uma Bahia antiga, ele só tomava coca-cola e pensava em casamento, os
cabelos eram longos e o dinheiro curto. Eu pensava em cidades medievais, sete
portas para sair, e uma igreja de quinze mistérios. Você diz saber um, do
tempo, e acho que sei outro, dos encontros, mas o mistério só existe enquanto
tal. Se descobrir, perde.