18 janeiro 2007

Babylon by bus

Assim como as bailarinas reconhecem suas pares só pela postura, é fácil reconhecer um paulistano pelo seu modo de andar. Parafraseando o Ferréz, ninguém anda folgado em São Paulo. Basta perceber os ombros ligeiramente encolhidos, o olhar basculante e o andar ligeiro. Pequenos passos rápidos e compassados. Flanar em São Paulo significa perder o metrô, o ônibus, ser assaltado, ou simplesmente levar bronca do de alguma quadrilha criminosa que manda oficialmente na cidade.... ah, tem também a outra quadrilha, que fica nos presídios. Mas o governador afirmou que a população pode sair tranquila às ruas, pois o PCC liberou o banho de sol.

Andou folgado em SP, é turista, vacilão, ou os dois.

Outra curiosidade: as paulistanas não rebolam. Estranho, pois fisiologicamente as mulheres têm que rebolar para compensar uma maior abertura nos quadris, adaptação evolutiva para auxiliar a gravidez. As gajas daqui intensionalmente, ou inconscientemente, forçam seus movimentos para não rebolarem ao andar. Creditei inicialmente o fato à histórica falta de sensualidade da paulistana, sensualidade esta que abunda alhures, como no Rio ou no nordeste inteiro. Ok, os índices de natalidade não são menores aqui, o que me leva a crêr que elas compensem essa falta com charme, o que é verdade. Mas não posso deixar de lamentar esse bloqueio da energia sexual, que se concentra da região do abdômem para baixo, e que tanto inspira poetas, músicos e compositores.

Acho que é por isso que não existe samba em São Paulo.

5 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Vejamos, primeiro, o fim. Muito me admira que, logo vc, tenha esquecido Geraldo Filme ou Adoniram. Ademais, São Paulo sempre teve redutos de samba como a Bela Vista. Que ela não seja como a Lapa carioca, (os ecos de lá têm realmente chegado aos meus ouvidos fornecendo os melhores elogios), eu concordo. Enquanto a Lapa se manteve como um reduto do samba, o Bexiga é, hoje, mais um lugar esquecido pelo poder público, mesmo sendo no centro da cidade. São Paulo só errou quando tentou copiar a matriz carioca do samba, nossa raiz é outra. Mas não vou ficar chorando as mazelas da vida, mesmo porque, penso que isso é suficiente pra mostrar que as coisas não são bem assim, como vc narra para seus leitores que são, em grande parte, mais temperados.
Esse tempero me leva a pensar sobre as mulheres, as suas mulheres. Você vem de Curitiba, a capital mais fria do Brasil, como vc mesmo costuma dizer com um certo sorriso no rosto, com muito mais loiras que morenas, (nada contra as polacas, mas todos notam as diferenças quanto ao rebolado), e mesmo com esse histórico vc me fala que as paulistas não rebolam. Concedo que com salto alto o vai e vem dos quadris fica prejudicado, concedo tbm que elas não sejam as mulheres mais "quentes" do Brasil, mas não podemos, como se viu, tirar as conclusões que vc tirou, até pq, mulher de salto não diz respeito, de fato, a nem metada de nossas meninas, isso aqui é a Torre de Babel. Então, meu irmão, ou se curva ao charme discreto da paulista ou pode voltar para as frias curitibanas...

5:47 PM  
Anonymous Anônimo said...

ainda bem que no interior de SP as mulheres tem tempo e graça de sobra pra rebolar o tanto - e se - quiserem...

6:45 PM  
Blogger quê? said...

Gostei.

Ia entrar na discussão do rebolado, mas lembrei que sou curitibano.

12:59 AM  
Blogger insone said...

é...
só posso dizer que aqui a gente balança o topete.

10:24 PM  
Anonymous Anônimo said...

A falta de rebolado não é um fenômeno da paulistana e sim da vida executiva. Boa parte das mulheres que vivem em regiões metropolitanas tem tantas atribuições que esquecem “da beleza de ser mulher...” como diria Vinícius em Samba da Benção. O rebolado foi praticamente trocado pelo decotão.... sim, porque muitas mulheres estão sem espaço e sem platéia para desfilar salto alto – as calçadas esburacadas desta cidade invalidam os saltos mais finos....então, é mais fácil deixar a protuberância a mostra, como todas as coisas mais instantâneas da vida moderna. Assim, você já recebe o “impacto” de cara e não precisa olhar a mulher “indo embora”....
O rebolado fica por conta das poucas, que no nosso universo atual, ainda encontram poesia nos parcos momentos de caminhada.
É isso.
Kelly

1:28 PM  

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