24 dezembro 2006

Le pêcheur de coquillages

Solto e descompromissado pela orla, procuro sinais, indicações, ou apenas um pouco de paz mental. Reorganizar os arquivos, defragmentar pensamentos, formatar tudo para o ano que nasce. Os ensinamentos estão em qualquer lugar, basta saber olhar.

Em uma época ruim, caminhava molhando os pés, e pensava em desistir. Procurava saídas, sempre na praia. Ainda não sei se a imensidão do mar torna a solidão maior ou menor. Pelo menos ela acompanha a solidão. Dois sozinhos valem uma companhia.
Uma gaivota correu um pouco e levantou vôo. A resposta.

Quando o vento está contra é que as gaivotas levantam vôo. E para voar, a primeira coisa a se fazer é levantar a cabeça.

Ergui a cabeça e fui. Outros ares, outras cidades. Migrar é preciso, volver no es preciso.

Só voltei a caminhar de cabeça baixa, na praia, para pescar conchinhas. Procurarava sinais, indicações, paz mental. Achei uma concha pequena, bem formada, discreta e com um inexplicável furo no meio. Era eu.
Passos adiante outra me chamou a atenção: branca, com uma borda escura, era bem formada e se destacava. Era você.

A resposta.

Somos feitos do mesmo material, vivemos no mesmo meio. Mas não somos iguais. Não somos pares, não nos encaixamos. De nada importa que o material seja exatamente o mesmo. Insistir no encaixe, somente pela semelhança, só irá quebrar as bordas. O núcleo duro continuará igual. Do mesmo cálcio, do mesmo mar. Mas diferentes.

2 Comments:

Blogger insone said...

feliz de quem encontra outro de mesma matéria.
(também eu tenho um mesmo contrário.)
bjo

6:43 PM  
Anonymous Anônimo said...

Talvez o ideal seja mesmo alguém de outro material. Assim como noite e dia se completam, dois opostos se encaixam.
Beijo

11:12 PM  

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