10 dezembro 2006

Põe o dedo aqui

O desespero sempre chega com uma pequena pontada no esôfago. Sem avisar, nos lugares mais nada a ver. Quando você acabou de fechar um spam, subiu no ônibus, ou foi, finalmente, tomar um café no meio da tarde. Ele se manifesta com o mesmo modus operandi, e são nestes instantes que o fatídico, porém recorrente pensamento assalta sua mente: -"Putz, o que é que eu vou fazer agora?"
Ele se agiganta, toma conta dos dois hemisférios do seu cérebro, danificando não só a lógica, mas também a criatividade. Ou seja, além de não conseguir raciocinar direito, você também fica sem idéias para solucionar qualquer coisa. Como um ralo em espiral, tudo converge para o centro, que é cada vez mais distante, profundo e veloz.
A diferença entre a depressão e a síndrome do pânico é a agudez da pontada. Na primeira a estaca fica, como um espinho lascinando, e na segunda ela explode. A toda explosão se segue um clarão. O excesso de luz cega. Cegos tateiam ou ficam parados. Em qualquer um dos dois casos o caminho demora a aparecer. Sugestão: Espere passar o zunido no ouvido. Porque de cego, surdo e burro, já basta o amor. Que é apenas a depressão do lado avesso. A posologia é praticamente a mesma.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Lendo este texto, me deu uma vontade de te abraçar...
Beijos, piá!

9:06 AM  
Blogger insone said...

per-fei-to.

10:07 AM  
Anonymous Anônimo said...

O "a" é prefixo de negação.
O "amor" é a não-morte.
A-mor.

(Tenho adorado teus textos. Ler escritos dos outros é bom. Tenho amado demais, com pouco tempo para escrever. Aliás, quando se ama, escrever torna-se quase desnecessário...) beijos

9:55 AM  

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