Obviedades Voadoras Não Identificadas
Em vista do recente acidente de avião, lembrei de um questionamento importante que me fiz quando do 11 de setembro: as ligações telefônicas. Algum tempo depois do atentado, foram recuperadas as ligações telefônicas dos passageiros de um dos aviões, que já estava dominado. Enquanto o avião seguia seu rumo para um inexorável final, as pessoas infringiam as normas de segurança de vôo, e se utilizavam de seus celulares durante o percurso. Fico imaginando que o piloto tentou avisar aos passageiros da proibição, mas acho que poucos ali entendiam árabe.
Tragicomédias à parte (eu sei, a piada foi infame), chego ao ponto: Para quem você ligaria? A pergunta é mais do que pertinente, pois, no fundo, resume em um só momento grandes questões universais como "quem somos", "para onde iremos", e "qual o sentido da vida" (agora não é piada).
Em segundo lugar, uma vez decido para quem ligar, fica a igualmente importante consideração do que dizer. Numa enquete informal na hora do almoço, descobri que a maioria ligaria para a mãe, o que é até óbvio, mas não consegui desvelar o que as pessoas diriam. Frente a certeza da morte, o que é necessário deixar, ainda que em palavras? Quem e como se consola? Qual a diferença efetiva? O que você diria?
PS: Em meio a conversa, alguém contou que certa vez sobrevoara um furacão, de nome Vilma. Não pude deixar de notar que os furacões têm nome de gente, detalhe importante. Talvez seja uma forma de humanizar a tragédia, de personificar além da mãe natureza. Imagino se, ao invés de avisar que estavam sobrevoando o Vilma, o piloto afirmasse: -Senhores passageiros, neste momento enfrentaremos turbulências pois estamos atravessando uma massa de ar incrívelmente densa, cujos diferenciais de temperatura a fazem se movimentar a centenas de kilômetros por hora, formando um aspecto cônico com alto poder de deslocamento.
É muito mais fácil encarar a Vilma.
PS2: Alguém, há muito tempo, notou que a maioria dos furacões têm nome de mulher (Katrina, Ofélia, Vilma, Beta). Considerando a natureza e o fim dos furacões, não posso deixar de concordar que há uma certa justiça nisso.
Tragicomédias à parte (eu sei, a piada foi infame), chego ao ponto: Para quem você ligaria? A pergunta é mais do que pertinente, pois, no fundo, resume em um só momento grandes questões universais como "quem somos", "para onde iremos", e "qual o sentido da vida" (agora não é piada).
Em segundo lugar, uma vez decido para quem ligar, fica a igualmente importante consideração do que dizer. Numa enquete informal na hora do almoço, descobri que a maioria ligaria para a mãe, o que é até óbvio, mas não consegui desvelar o que as pessoas diriam. Frente a certeza da morte, o que é necessário deixar, ainda que em palavras? Quem e como se consola? Qual a diferença efetiva? O que você diria?
PS: Em meio a conversa, alguém contou que certa vez sobrevoara um furacão, de nome Vilma. Não pude deixar de notar que os furacões têm nome de gente, detalhe importante. Talvez seja uma forma de humanizar a tragédia, de personificar além da mãe natureza. Imagino se, ao invés de avisar que estavam sobrevoando o Vilma, o piloto afirmasse: -Senhores passageiros, neste momento enfrentaremos turbulências pois estamos atravessando uma massa de ar incrívelmente densa, cujos diferenciais de temperatura a fazem se movimentar a centenas de kilômetros por hora, formando um aspecto cônico com alto poder de deslocamento.
É muito mais fácil encarar a Vilma.
PS2: Alguém, há muito tempo, notou que a maioria dos furacões têm nome de mulher (Katrina, Ofélia, Vilma, Beta). Considerando a natureza e o fim dos furacões, não posso deixar de concordar que há uma certa justiça nisso.
2 Comments:
Foda mesmo é ligar e só dar ocupado..
Curti muito o texto, parabéns!
eu acho que ligava pra você, meu...
e diria: "To Fodido... cuida bem do Suite Morphine..."
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