Equity fund
- Você está perdido, cara?
O inusitado da frase me pegou despreparado. Por instantes eu, que sempre tenho ao menos uma resposta pronta, nada consegui dizer. Pensei na pouca vontade de compartilhar que me assola nestes tempos, ou na fase casa-trabalho em que entrei há pouco. De fato, neste trimestre as ausências tem aparecido com mais força, mas nada que três noites de solidão não façam confundir com mera introspecção. Vinda de um brutamontes, cujo maior feito na vida foi produzir um bíceps maior que o cérebro, a pergunta ganhava contornos de realidade fantástica. Domingo a noite, eu cansado de ficar em casa, passo em uma balada no bairro ao lado, na qual ganhei uma garrafa de uísque e passe livre. Dentro há apenas poucos adolescentes, a maior parte acompanhando os dois grupos de pagode programados para se apresentar. Os grupos tinham mais integrantes que público, eu não tinha nada melhor para fazer, e dois copos do velho Jack para relaxar não cairiam mal para aquele fim de fim de semana. Mas sozinho, ali, naquele horário, entrando em uma balada falida, pego desprevenido por uma pergunta sartriana vinda de um bombado, eu fraquejei. Diante dos intermináveis segundos sem resposta, ele repetiu a pergunta ao me entregar a comanda:
- Você tá perdido cara?
- Agora estou, obrigado!
Mas decidi investir meu tempo aqui.
E afundo, perdido.
O inusitado da frase me pegou despreparado. Por instantes eu, que sempre tenho ao menos uma resposta pronta, nada consegui dizer. Pensei na pouca vontade de compartilhar que me assola nestes tempos, ou na fase casa-trabalho em que entrei há pouco. De fato, neste trimestre as ausências tem aparecido com mais força, mas nada que três noites de solidão não façam confundir com mera introspecção. Vinda de um brutamontes, cujo maior feito na vida foi produzir um bíceps maior que o cérebro, a pergunta ganhava contornos de realidade fantástica. Domingo a noite, eu cansado de ficar em casa, passo em uma balada no bairro ao lado, na qual ganhei uma garrafa de uísque e passe livre. Dentro há apenas poucos adolescentes, a maior parte acompanhando os dois grupos de pagode programados para se apresentar. Os grupos tinham mais integrantes que público, eu não tinha nada melhor para fazer, e dois copos do velho Jack para relaxar não cairiam mal para aquele fim de fim de semana. Mas sozinho, ali, naquele horário, entrando em uma balada falida, pego desprevenido por uma pergunta sartriana vinda de um bombado, eu fraquejei. Diante dos intermináveis segundos sem resposta, ele repetiu a pergunta ao me entregar a comanda:
- Você tá perdido cara?
- Agora estou, obrigado!
Mas decidi investir meu tempo aqui.
E afundo, perdido.
2 Comments:
só pra não passar em branco, mesmo que a opinião seja óbvia: muito bom.
Eu não imagino você com o velho Jack nem de graça. Apesar de fazer trainee de rico, você continua pobre e pobre bebe cerveja e cachaça.
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