Segurança priva
- Visual na janela. Vítima segura. Acesso limpo.
As sirenes cessaram, a pedido do sequestrador. Helicópteros rodando o ar, ainda assim dava para ouvir cai-cai balão tocando na vitrolinha amarela.
- Negativo, Bravo! Risco para o refém. Manter alerta.
Respiração controlada. Ele estava na mira, mas o refém poderia se machucar na queda. O acesso era limpo. Afrouxou um pouco o dedo do gatilho, respirou, mascou duas vezes o chiclete. Apurou o fone de ouvido.
- O alvo vai fazer uma exigência. Segura até ok do comandante, copiou, Bravo?
- Positivo.
O negociador, psicólogo experiente, foi chamado. A mãe gritava vez por outra, xingava. O negociador pediu que a levassem para longe. Ele ia falar, fazer exigência. Resgate? Helicópteros? Uma arma? Imunidade e dólares?
- Uma mamadeira!
O negociador hesitou. Fora dos parâmetros. Nunca haviam pedido mamadeira. Perguntou novamente.
- Eu quero uma mamadeira. E leite ninho, reforçado.
Podia ser brincadeira, pensou o negociador. Ou um teste. Por via das dúvidas, gritou para o apoio:
- Tragam uma mamadeira e leite ninho, reforçado. Agora.
A equipe ficou em dúvida. O negociador confirmou com os olhos. Voltou a atenção para ele. Estava tão perto que quase podia pegar o bebê. Mas ele entrou, a criança começou a chorar. Aumenta o volume de cai-cai balão dentro do quarto.
- Status, Bravo?
- Visual aberto. Ele está dançando e jogando o refém para o ar. O refém sorri até vomitar.
Chega a primeira equipe de tevê. Vem o comandante, de quepe e ar firme.
- Comandante, por favor, explique a situação. Parece que um homem sequestrou um bebê, é isso?
- Aparentemente sim.
- Qual a relação dele com a criança?
- É o pai, aparentemente.
- E a mãe, cadê?
- Foi expulsa da casa, estava aparentemente embriagada.
- Ela saiu da própria casa?
- Ao que consta a casa é dele. Ela é que veio morar com ele quando engravidou, segundo versão dela.
- E o bebê corre risco?
- Positivo. Ele parece estar sob efeito de entorpecentes, então positivo.
O rádio tocou. Alguns números. O comandante sai apressado. Encontra o negociador.
- Ele pediu o reforçado, diz que não aceita esse, e agora quer leite morno, duas fraldas, e uma pizza.
- Onde eu vou achar um leite reforçado agora? Vai ter que ser esse. Não dá para providenciar mais nada. Daqui a pouco ele tá pedindo festa com palhaço.
O negociador avisa. Diz que não vai mais negociar enquanto não houver prova de que o refém está vivo e bem. Recebe uma fralda suja no peito. E uma porta batida.
- Bravo, status?
- Tenho visual. Refém pelado. Ele procura algo na gaveta. Possível arma. É uma meia. Com cara de sapo.
- Bravo, atire na vitrolinha!
O tiro foi certeiro. Ele se assustou. A polícia entrou. Ele não ofereceu resistência. O refém estava bem. Dormindo. De chupeta. O movimento foi um sucesso. O comandante na coletiva. Repórteres afoitos:
- Foi uma jogada de mestre, comandante. O senhor assustou ele, que ficou distraído. De onde veio a ideia, comandante? Foi treinada? É o padrão nesse tipo de operação?
- Não. É que eu não aguentava mais cai-cai balão.
As sirenes cessaram, a pedido do sequestrador. Helicópteros rodando o ar, ainda assim dava para ouvir cai-cai balão tocando na vitrolinha amarela.
- Negativo, Bravo! Risco para o refém. Manter alerta.
Respiração controlada. Ele estava na mira, mas o refém poderia se machucar na queda. O acesso era limpo. Afrouxou um pouco o dedo do gatilho, respirou, mascou duas vezes o chiclete. Apurou o fone de ouvido.
- O alvo vai fazer uma exigência. Segura até ok do comandante, copiou, Bravo?
- Positivo.
O negociador, psicólogo experiente, foi chamado. A mãe gritava vez por outra, xingava. O negociador pediu que a levassem para longe. Ele ia falar, fazer exigência. Resgate? Helicópteros? Uma arma? Imunidade e dólares?
- Uma mamadeira!
O negociador hesitou. Fora dos parâmetros. Nunca haviam pedido mamadeira. Perguntou novamente.
- Eu quero uma mamadeira. E leite ninho, reforçado.
Podia ser brincadeira, pensou o negociador. Ou um teste. Por via das dúvidas, gritou para o apoio:
- Tragam uma mamadeira e leite ninho, reforçado. Agora.
A equipe ficou em dúvida. O negociador confirmou com os olhos. Voltou a atenção para ele. Estava tão perto que quase podia pegar o bebê. Mas ele entrou, a criança começou a chorar. Aumenta o volume de cai-cai balão dentro do quarto.
- Status, Bravo?
- Visual aberto. Ele está dançando e jogando o refém para o ar. O refém sorri até vomitar.
Chega a primeira equipe de tevê. Vem o comandante, de quepe e ar firme.
- Comandante, por favor, explique a situação. Parece que um homem sequestrou um bebê, é isso?
- Aparentemente sim.
- Qual a relação dele com a criança?
- É o pai, aparentemente.
- E a mãe, cadê?
- Foi expulsa da casa, estava aparentemente embriagada.
- Ela saiu da própria casa?
- Ao que consta a casa é dele. Ela é que veio morar com ele quando engravidou, segundo versão dela.
- E o bebê corre risco?
- Positivo. Ele parece estar sob efeito de entorpecentes, então positivo.
O rádio tocou. Alguns números. O comandante sai apressado. Encontra o negociador.
- Ele pediu o reforçado, diz que não aceita esse, e agora quer leite morno, duas fraldas, e uma pizza.
- Onde eu vou achar um leite reforçado agora? Vai ter que ser esse. Não dá para providenciar mais nada. Daqui a pouco ele tá pedindo festa com palhaço.
O negociador avisa. Diz que não vai mais negociar enquanto não houver prova de que o refém está vivo e bem. Recebe uma fralda suja no peito. E uma porta batida.
- Bravo, status?
- Tenho visual. Refém pelado. Ele procura algo na gaveta. Possível arma. É uma meia. Com cara de sapo.
- Bravo, atire na vitrolinha!
O tiro foi certeiro. Ele se assustou. A polícia entrou. Ele não ofereceu resistência. O refém estava bem. Dormindo. De chupeta. O movimento foi um sucesso. O comandante na coletiva. Repórteres afoitos:
- Foi uma jogada de mestre, comandante. O senhor assustou ele, que ficou distraído. De onde veio a ideia, comandante? Foi treinada? É o padrão nesse tipo de operação?
- Não. É que eu não aguentava mais cai-cai balão.
2 Comments:
Até que enfim a história real foi contada! Brasília agradece. Beijos mil.
Que texto foda! de onde veio esse? cara, ainda tomo uma cerveja contigo um dia desses. abraços companheiro.
Postar um comentário
<< Home